sábado, 27 de dezembro de 2008

ABC


Em pé: Floriano, Sabará, Edson, Domilson, Gonzaga, Maranhão
Agachados: Libânio, Edivaldo, Alberi, Danilo Menezes, Morais

O grande esquadrão do ABC de Natal campeão potiguar de 1972 onde predominava o uruguaio DaniloMenezes que comandava com maestria o time. Ele veio do Vasco da Gama juntamente com o ponta esquerda Morais.
Nesta esquadrão também se destacava o centro avante Alberi.

Alberi, o craque que encantou o RN

Por Everaldo Lopes - Repórter e Pequisador
O pernambucano Alberi divide com Jorginho a indicação pelo torcedor abecedista, como dois dentre os maiores jogadores que já passaram pelo clube Alvinegro, ao lado de outros fora de série indiscutíveis, como Dequinha, Albano, Ribamar, Ney Andrade, Sérgio Alves, Odilon, Wallyson, entre tantos.
Todos eles tiveram suas épocas, com o detalhe de uma quase seqüência cronológica. Jorginho e Dequinha chegaram em 1947/48 e pararam 20 anos depois, enquanto Alberi chegava no começo de 68 e se despedia já quase na metade dos anos 80, precisamente 1985, com passagem mais longa pelo ABC, dois anos no América, e temporadas curtas no Alecrim e Baraúnas, além de rápidas saídas para o futebol alagoano, cearense, sergipano e amazonense. Foi cria do Santa Cruz/PE, onde começou e saiu quase júnior em 1967 (aos 23 anos) para o ABC.

O pesquisador natalense Newton Alves, tem participação importante nesta matéria pela demorada pesquisa de todo o período em que o craque esteve em atividade, colhendo dados do camisa 10 no Recife, Campina Grande, Mossoró, Ceará e Aracaju, deixando de viajar apenas a Manaus, onde Alberi atuou durante o Campeonato Nacional de 1974, defendendo o Rio Negro FC.
Alberi forma num pequeno grupo de jogadores não nascidos no RN, mas que aqui se projetou, como foram os casos do ponta esquerda Lula (pernambucano) e Danilo Menezes (uruguaio). Foi defendendo o ABC que Alberi chegou à Bola de Prata da Revista Placar, em 72, vários títulos conquistados pelo ABC e um pelo América (77), ídolo inconteste, sendo amplamente homenageado pelo ABC, em várias ocasiões. Só falta ser nome de rua, porque um dos campos de treinamento do ABC, no complexo “Maria Lamas Farache” tem o nome do antigo craque. Mesmo sem ser considerado homem gol, foi artilheiro do Estadual em 1970 e 72, somando 283 gols feitos como profissional. Estranhamente, apesar do excelente biotipo, não foi um bom cabeceador, tendo uns cinco a seis gols de cabeça em toda sua carreira.

Um dos grandes times que formou foram em 1973, o ABC tetracampeão, com Erivan, Sabará, Edson, Telino e Anchieta, Maranhão, Danilo Menezes e Alberi, Libânio, Jorge Demolidor e Moraes. Campeão pelo América em 77, com Cícero, Ivan Silva, Joel Santana, Argeu e Olímpio, Zeca, Alberi e Garcia, Ronaldinho, Aloísio e Soares. O histórico do craque pernambucano mostra seus últimos jogos defendendo clubes do RN. Em 79, formava no Alecrim FC, neste time: Batista, Ivan Montenegro, Valter Cardoso, Luisão e Gonzaguinha, Nilson e Betinho, Natan, Alberi, Jacó e Edmilson (Abel), jogo disputado dia 28/08/79, no Machadão, empate de 0x0, arbitragem do cearense Manoel Araújo.
E
m 78, Alberi vestiu a camisa do Baraúnas no Estadual, sendo esta uma das formações com o cracaço pernambucano: George, Orlando, Cabrera, Nivaldo e Assis, Edmundo e Zé Augusto, Saneguinho, Alberi, Roberto Costa e Nego Chico (Severinho). Alberi integrou a seleção do século, do ABC, com grande votação de torcedores, dirigentes do clube e jornalistas esportivos, uma promoção da TRIBUNA DO NORTE na virada do século. É esta a seleção do século do ABC, eleita em 2000: Hélio Show, Sabará, Edson, Alexandre Mineiro e Marinho Chagas, Maranhão, Danilo Menezes e Alberi, Jorginho, Silva e Reinaldo.
Apesar de ter defendido várias camisas, Alberi só conseguiu títulos estaduais pelo ABC e pelo América. Não quis enveredar na profissão de treinador, porque até ele mesmo reconhece não ter a palavra fácil. Ídolo inconteste, não conseguiu, entretanto, impor-se como um líder no gramado, faltando-lhe um pouco de espírito de liderança, além de revelar certa timidez, daí ter encontrado dificuldades financeiras logo após parar, com uma aposentadoria pequena da Prefeitura do Natal. Pela bola que foi, e pelo que aprendeu em tantos anos jogando, tinha tudo para vencer como treinador. Inclusive, um nome famoso.

Com o advento do “Maria Lamas”, Alberi viu melhorar sua aproximação com o seu antigo clube. É sabido que o pernambucano sempre confessava a amigos que não recebia o carinho do ABC.
Em 1993, o falecido jornalista esportivo Rubens Lemos assim se referiu ao ídolo: “O som estridente do pagode no rádio impede qualquer contato normal com o mundo exterior. Entrar na casa número 36 da rua Francisco Cruz, em Morro Branco, requer disposição e paciência para bater palma e entrar. O senhor Alberi Matos, 48 anos, dispensa visitas e faz questão de dividir um exílio angustiante com a mulher, dona Marluce e os sete filhos. Tem sido assim há pelo menos 10 anos.1993 tinha tudo pra ser comemorado, já que há exatos 21 anos o dono da casa recebia a Bola de Prata da Revista Placar, como o melhor avançado do Campeonato Brasileiro de 72, uma espécie de Oscar do futebol brasileiro. Alberi tinha outro motivo para festejar 1993. Os 25 anos de um amor não correspondido com o ABC FC. Bodas de Prata sem festa nem champanhe, por obra e graça dos cartolas que sugaram e esqueceram o ídolo de duas gerações de norte-rio-grandenses”.

Em 1985, amigos de Alberi promoveram um jogo de despedidas contra o Botafogo/PB (0x0) mas nada deu certo. Talvez publicidade mal feita, pouca gente foi ver o adeus do famoso camisa 10, que merecia estádio cheio. O jogo do adeus teve um pouco mais de 1.500 pagantes num Machadão que comporta mais de 35 mil, estando no time “amigos de Alberi”, Pavão (goleiro), Luiz, Jailson, Zé Neto, Valdecy, Tiê, Carlinhos Mocotó, Ademir Patrício, Severinho e Djalminha. Técnico, Erandyr Montenegro.

Com todo futebol que tinha pra mostrar, assim mesmo Alberi passou dois no ABC sem ganhar título. Em 1968 o campeão foi o Alecrim, em 69 chegou a vez do América, o famoso título do gol de Alemão quando os abecedistas já festejavam o “caneco”. O ABC tinha outro craque: Esquerdinha. Só que um jogador complicado, exibicionista. Deixou o clube acusado de fazer corpo mole, ao perder um gol, ele e a trave do “JL” no gol que dava para o lado da Hermes da Fonseca. Era este o time alvinegro: Erivan, Biu, Piaba, Ivan Matos e Cidão, Arandir e Esquerdinha, Batista, Alberi, João Galego e Burunga. No jogo decisivo, América 2x0.
Alberi teve algumas complicações com seu clube do coração. Certa vez, ao ganhar um fusca como luvas de um novo contrato, acabou acidentando-se numa virada do carro, passando algum tempo sem jogar. Durante boa parte de sua presença no ABC foi alvo de comentários ao ser citado como pouco valorizado ao reformar seus primeiros contratos e receber uma radiola ou pequenas importâncias a título de luvas. A imprensa até ironizava dizendo que o ídolo adorava os discos de Valdick Soriano. Seu maior amigo, padrinho e protetor foi José Prudêncio Sobrinho, inclusive responsável maior pela vinda do jogador do Santa Cruz para o ABC, em 1968.

Hoje, aposentado, se não está numa situação confortável, pelo menos melhorou bastante após fase crítica de quando vivia de um modesto emprego na antiga Fenat. Alberi teve camisetas vendidas com homenagem do clube, participando dos lucros, voltou a ter um carro. No Maria Lamas, o antigo ídolo é nome de CT e tem poster com sua foto.
O grande mérito de Alberi, além dos títulos, é a presença na Bola de Prata da Placar em 1972, sendo esta a equipe eleita pela revista: Leão, Marinho Peres, Figueroa, Beto e Marinho Chagas, Piazza, Ademir da Guia e Alberi, Osni, Zé Roberto e Paulo César Caju.
Alberi está hoje com 63 anos (Fontes: Everaldo Lopes e Newton Alves).

Fonte: http://tribunadonorte.com.br/noticias/94305.html






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