terça-feira, 24 de março de 2009

São Paulo F.C.

Em pé: Desordi. Poy. Sarará. Riberto. Vitor e Mauro.
Agachados: Maurinho. Amauri. Gino. Zizinho e Canhoteiro.
Crédito: http://www.arquivotricolor.com/

Esquadrão que conquistou o Campeonato Paulista de 1957 em cima do Corinthians.

O Corinthians era o favorito. Tinha um time com grandes valores individuais, uma estrutura técnica bem definida e uma garra que virou tradição. A equipe funcionava como um relógio, tinha personalidade e havia muita harmonia dentro do clube. O São Paulo não era exatamente o fantasma do campeonato, mas era quase. Naquele final, aparecia como a grande surpresa. O campeonato paulista de 1957 foi disputada em duas fases. Dos vinte clubes que disputaram a fase inicial, apenas dez se classificaram. O São Paulo entrou na última vaga. Mas com sua difícil classificação veio a transformação. Para estruturar este time o São Paulo já tinha um mestre experimentado e com um profundo conhecimento do futebol, o técnico húngaro Bela Gutman. Em campo já existia até mesmo um líder, o zagueiro Mauro Ramos de Oliveira. Mas faltava um mestre em campo, que orientasse os jogadores, que desse ritmo ao jogo, que soubesse dosar suas energias. De preferência, um veterano, com experiência e malícia. Este jogador existia e morava no Rio de Janeiro. O São Paulo foi lá e trouxe Zizinho que deu uma nova vida ao time tricolor.

Antes da decisão, o São Paulo tinha uma derrota diante da Portuguesa por 4x0 na primeira rodada da fase final. O Corinthians esteve na liderança durante todo campeonato. Depois de trinta e cinco partidas invictas, os corinthianos perderam para o Santos por 1x0 na penúltima partida do certame. Com esta derrota o time também perdeu a vantagem de dois pontos que tinha sobre o São Paulo. E na decisão lá se foi um pouco da tranqüilidade daquele que desde do inicio do campeonato já era considerado o campeão. Os episódios do primeiro turno voltaram a tona principalmente o choque entre Maurinho e Alfredo, que o lateral corinthiano teve sua perna fraturada. Todos isentaram Maurinho, mas ficou a marca. A briga entre Gino e Luizinho também era muito comentada. Torcida e jogadores levaram os fatos para a decisão.

As seis horas da manhã naquele dia 29 de dezembro de 1957 já tinha gente chegando ao Pacaembú. À uma hora da tarde, a garoa continuava e os portões foram fechados. Primeiro entrou o São Paulo com Poy. Desordi e Mauro. Sarará. Vitor e Riberto. Maurinho. Amauri. Gino. Zizinho e Canhoteiro. Dino Sani, contundido não jogou. Sarará era seu substituto. Depois entrou o Corinthians com Gilmar. Olavo e Oreco. Idário. Valmir e Benedito. Claudio. Luizinho. Indio. Rafael e Zague. O desfalque corinthiano era Roberto que foi substituído por Benedito. Para garantir a imparciabilidade o trio de árbitros tinha um brasileiro e dois ingleses. Alberto da Gama Malcher, o juiz, Lynch e Cross, os auxiliares.

O jogo começa com o Corinthians mandando na partida e logo aos cinco minutos acontece o primeiro encontro Luizinho-Gino. O juiz não deixou por menos. Chamou os dois e ameaçou de expulsão. O primeiro tempo terminou com os dois times jogando bem abertos procurando o gol com insistência. O São Paulo aos poucos foi impondo sua técnica e equilibrou a partida.

O drama corinthiano começou aos dezessete minutos do segundo tempo. Zizinho cobra uma falta para Gino que, de cabeça, manda para Amauri que abre a contagem. Logo aos dezenove minutos, embalados pelo primeiro gol, Zizinho entrega para Amauri que atrai a zaga do Corinthians e passa na medida para Canhoteiro marcar o segundo gol do São Paulo. Precisando ganhar o Corinthians parte para o ataque e aos vinte dois minutos, Rafael, de puxada, diminuiu o placar. O tempo restante foi dramático para os corinthianos que era todo ataque. Era o time da garra e da raça que a torcida estava acostumada a ver. Benedito mandou duas bolas na trave do São Paulo que se defendia de qualquer maneira. Zizinho procurava prender a bola para passar o tempo. Como o Corinthians estava todo no campo do São Paulo e não marcava, um chutão para frente pegou Maurinho livre. O ponteiro bateu na corrida o lateral Olavo, invadiu a área, driblou Gilmar e marcou 3x1. Um gol que definiu o titulo para o São Paulo aos trinta e quatro minutos. Os corinthianos ainda reclamaram impedimento que não houve. Olavo tenta agredir o juiz e um grupo de jogadores cercam o bandeirinha. Maurinho, empolgado com o gol, deixou a bola no fundo das redes, disse qualquer coisa para o goleiro Gilmar que saiu perseguindo o ponteiro sanpaulino que somente parou com a chegada do grupo do deixa disso.

O gol de Maurinho quebrou todas as esperanças de reação do Corinthians. No campo já não havia mais ninguém que pudesse evitar o desastre. Mas foi só terminar o jogo para o tempo fechar de novo. Em vez de confetes tricolores, caiu uma chuva de garrafas, pedras e outros objetos enviadas pela torcida corinthiana. No campo, Olavo partiu com violência para tirar satisfação com o bandeirinha inglês. No meio de tanta confusão, os sampaulinos foram comemorar o titulo nos vestiários. O titulo para o São Paulo foi justo pelo que os sampaulinos fizeram na segunda fase do campeonato com um reação que poucos acreditavam. Para o Corinthians, a perda do titulo foi um castigo para aqueles que pensavam ter ganho o campeonato antes do seu final.


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